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quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

A tal história que tinha para contar...(As vigias florestais e a DRABL!)

Uma história de revanchismo

Foi no ano de 2004 , que após uma situação difícil de desemprego me decidi candidatar a “Vigilante Florestal” . Assim dirigi-me á DRABL (Direcção Regional da Agricultura da Beira Litoral ) na Lousã e inscrevi-me .
Eis que iria poder ganhar uns “trocos” fazendo algo que eu pensava ser de extrema responsabilidade.
Portanto, comecei animado de um espírito interessado, responsável e profissional no início da época de 2004, pois acabei por ser chamado a prestar serviço na Vigia de Alvaiázere (42.7). Fazia mais ou menos 100Km por dia para me deslocar ao local, na minha viatura ,não obstante ser oneroso, feitas as contas ainda sobrava o suficiente para o esforço desenvolvido...
Mas eis que cedo me apercebi,que o sistema era uma “bandalheira “ institucionalizada... ou seja, as comunicações eram deficientes (do ponto de vista técnico) difícilmente se conseguia falar com qualidade técnica, para o centro coordenador que se situava em Leiria (Centro 06) e ainda se acrescia o facto de a maioria dos operadores das diferentes vigias , não cumpria as mais elementares regras nas comunicações via rádio.
Os fogos florestais, foram sempre um mal que a mim me preocupou bastante , assim, nesta actividade eu pensei que poderia dar um contributo útil á sociedade e participar com afinco no combate a este flagelo...
Mas quando as comunicações se entupiam , por erros de alguns operadores não respeitarem as regras, ora por deficiente instalação dos equipamentos , ou ainda por alguns impropérios vindos não se sabe de onde ... pois até se usava o canal rádio atribuído a este serviço para se combinar onde se ia jantar no dia seguinte, ou ainda para comentar os jogos de futebol, o José Farinha incrédulo tentava pôr “ordem” na frequência fazendo alguns reparos, na expectativa de que o centro coordenador ,através dos seus responsáveis chamassem a atenção para estes desvarios, tentativas estas que de imediato recebiam apupos dos “históricos” dizendo entre outras coisas que eu tinha a mania que era mais do que os outros... (?).
Apesar de tudo, na época dos incêndios de 2005 ainda me chamaram, mas desta vez para prestar serviço na vigia “42.1” (St.António da Neve-Lousã) , mais uma vez fui confrontado com uma série de problemas, semelhantes aos descritos anteriormente, a bandalheira continuava ! não conseguia falar com o meu centro coordenador (Leiria) tudo porque os rádios eram mal instalados, as antenas mal escolhidas de acordo com as necessidades de cada posto , não tinham pessoal especializado para fazerem estas montagens...óbviamente que o meu sentido crítico foi-se manifestando e começei a ser incómodo porque ao que parece, haveria interesse que este estado de coisas fosse permanecendo (?).
Ouvi comentários dos mais diversos, relativamente a anteriores vigilantes que passaram por esta vigia ,que nem quis acreditar, qualidade era coisa que não se procurava para esta actividade! E continuo sem saber quais são os critérios que presidem á selecção do pessoal para esta actividade ... (mas quem sou eu para tentar saber tal coisa?).
Se a detecção precoce dos incêndios e a consequente activação dos meios de combate em tempo útil é uma forma de obter sucesso nesta actividade, o certo é que, e de acordo com a experiência que tive, o trabalho das vigias florestais me pareciam uma brincadeira...uma vez, após uma chamada que fiz com alguma insistência para dar as coordenadas de um foco de incêndio, foi-me respondido pelo centro, que aguardasse, que oportunamente me chamavam...(?) e isso aconteceu cerca de 10 (dez) minutos depois...! (sem comentários).
No início da época de 2005, ao telefone com o responsável da DRABL(Engº Joaquim Paúl) atrevi-me a criticar o” modus operandi” do dito responsável,(educadamente note-se!) com relação ao facto de estarem quatro homens sentados á porta da vigia durante dois dias esperando que a viessem abrir para se iniciar a actividade,(tinham-nos pedido para estarmos ao serviço ás nove horas da manhâ, dois dias antes..?) .O centro 06 já ia chamando por nós via rádio,conforme nos foi dito pelos sapadores que nos iam visitando no giro de jeep e nós no meio da rua... (Serra ) facto que era desconhecido pelo responsável do centro, Sr. Eng. Otávio, eu próprio informei o centro 06 que ainda estávamos na rua sem acesso ao posto e que nada sabíamos relativamente a este atraso aí foi-me dito para falar com o Sr. Eng. Paúl pois ele é que era o responsável , escusado será dizer que depois desta interpelação me candidatei a ser “corrido” e assim foi !
Na época de fogos deste ano (2006) não fui chamado a prestar serviço, esta foi a recompensa da minha dedicação... (?).
Cheguei a pensar escrever uma carta ao Sr. Ministro da Administração Interna dando-lhe conta do mau serviço prestado pela rede Nacional de vigias, mas cedo me desmotivei pois nem sei se seria ele a lê-la .resta-me a esperança que para o ano as coisas corram melhor, e que, de uma vez por todas, sejamos todos mais profissionais que é o que falta neste País. Ouvi dizer,que vai ser a GNR a tomar conta desta problemática , penso que tenho todos os motivos para acreditar que este serviço vai melhorar.
Assim e em geito de desabafo quero tecer aqui umas palavrinhas especialmente dirigidas ao Sr. Eng. responsável na DRABL,(Sr.Joaquim Paúl) por esta atitude revanchista que em muito dignifica a eficiência do serviço que tutela.
“Saber ouvir é um aspecto da maturidade do “líder” .Maturidade que está relacionada com os tipos de experiência da sua aprendizagem e não de quantos anos de liderança celebrou, liderança tem mais a ver com a forma de lidar com as pessoas –ouvir, motivar, compartilhar, orientar e delegar- do que contabilizar quantos “funcionários” tem na sua equipa. Há pessoas que confundem o papel do “líder” com o de um narrador de histórias .Falam tanto que até nem sabem se tudo o que dizem é ouvido pelos demais, mas para eles pouco importa. O que vale mesmo para “estas” pessoas é a oportunidade de mostrar que sabem ,que entendem do assunto, que dominam a área, que já viveram aquela situação e, portanto, não aceitam sugestões. Coitados daqueles que estão á sua volta. Em diferentes casos esse comportamento é motivado simplesmente por insegurança e necessidade de se impor ao grupo, fazendo-o pelo palavreado. É cada vez mais comum este tipo de “líder” nas organizações , infelizmente. O verdadeiro Líder consegue o respeito dos seus liderados à medida que ouve as suas opiniões ,ideias, críticas, sugestões e até mesmo dificuldades em relação ao trabalho que se preconiza desenvolver.
Não saber controlar os impulsos temperamentais ou de histeria e não escutar os seus liderados, são fundamentos que proporcionam o esvaziamento da própria liderança, e, por consequência motivam e promovem o egocentrismo, que leva ao isolamento, embora rodeado de alguns “adesivos”, a queda de um líder é tanto maior quanto maior for a fragilidade dos alicerces das bases que empolgaram a liderança . Numa altura em que se fala muito,em diminuir os funcionários do Estado em nome de uma gestão mais equilibrada e aumento de produtividade, deixo aqui este meu desabafo como elemento de reflexão,para aqueles que tiverem que decidir quem vão mandar para a rua, e que de uma vez por todas se dê primazia á hierarquia de competências. Desculpem se me alonguei, mas tinha que o fazer, para ficar bem comigo! Saudações a todos os meus amigos leitores, José Farinha.

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